O PEIXE DA SEMANA SANTA
A Prefeitura de Poço
Branco realizou, nesta quinta-feira (28), a já tradicional distribuição de
peixe para famílias carentes do município. A entrega aconteceu de “porta em
porta”, como tem sido feito nos últimos cinco anos, distrito por distrito e também
na sede do município. A ação social de entrega do peixe é custeada com recursos
próprios da Prefeitura Municipal de Poço Branco.
A equipe de colaboradores
da prefeitura distribuiu seis toneladas de pescado, totalmente embalado a vácuo,
durante a manhã da quinta-feira. Segundo Eliana Rodrigues, uma das colaboradoras:
“É muito gratificante o sorriso que vemos nos rostos das pessoas mais carentes
quando são chamadas, em suas casas, a receber o peixe da semana santa. Elas dizem
que não poderiam comprar o peixe para a família toda devido o preço alto encontrado
nas feiras, nas mercearias e nos supermercados da cidade. Essa distribuição é
uma grande ação social da nossa prefeitura”.
Para o cidadão e pescador, Ezequiel Ferreira, com 40 anos de experiência na área, a distribuição
do peixe da Semana Santa é algo muito positivo, especialmente por ser feita de
casa em casa. Ele só lamenta que o pescado local não possa ser comprado pela
prefeitura por causa da burocracia da lei. “Se a colônia dos pescadores daqui fosse
estruturada com câmara fria e possuísse toda documentação exigida, uma parte
desse pescado poderia ser daqui do nosso Rio Ceará Mirim, beneficiando e
prestigiando os nossos pescadores”, concluiu.
SOBRE A PAIXÃO DE CRISTO
O Blog convidou três atores principais da Peça
Teatral “A paixão de Cristo” a dar suas opiniões sobre os mais de seis
anos sem a apresentação. A eles foi pedido uma rápida impressão do período em que
encenaram a vida, a morte e a ressureição de Jesus Cristo para uma plateia formada
por poço-branquenses e também por muitos visitantes de cidades vizinhas e
de outras regiões do Estado. A impressão do professor José Cassimiro Felipe, o primeiro protagonista da peça, será
postada oportunamente.
LUIZ ANTONIO SOARES
Caro amigo Daniel,
Como não sentir saudades daquele tempo? Era um tempo dos grandes encontros com os amigos atores da peça “A Paixão e Morte de Jesus Cristo”. Era um tempo maravilhoso, pois quando nos reuníamos para os ensaios sempre havia momentos de descontração, de concentração e até momentos de acirradas discussões a respeito dos textos a serem repassados para cada um.
Como não sentir saudades daquele tempo? Era um tempo dos grandes encontros com os amigos atores da peça “A Paixão e Morte de Jesus Cristo”. Era um tempo maravilhoso, pois quando nos reuníamos para os ensaios sempre havia momentos de descontração, de concentração e até momentos de acirradas discussões a respeito dos textos a serem repassados para cada um.
Passei por praticamente todas as funções
dentro do Grupo Águia. Fui figurante, fiz papel de fariseu, do
ladrão Dimas, fui diretor e até Presidente do Grupo Teatral Águia, como era
chamado nosso grupo. Fui, por três anos, o ator principal da peça e esse foi um período de muita importância em minha vida, pois, de certa forma, fui “obrigado” a
mudar minhas características, deixando cabelos e barba crescerem. Até uma dieta
rigorosa tive que fazer para não engordar.
Agradeço muito ao saudoso e eterno Presidente
do Águia, Antônio Guedes de Miranda, meu amigo, irmão e segundo pai. Antônio me
ajudou em toda trajetória no teatro de Poço Branco, mas, infelizmente, um dia a
direção do grupo passou para mãos de pessoas que não tinham a vocação de levar
em frente esse projeto cultural maravilhoso.
Hoje, poucas são as atrações culturais que
fazem as pessoas se deslocarem de suas casas. Naquele tempo, a população em
peso vinha assistir a representação do nascimento, vida, morte e ressurreição
de nosso senhor Jesus Cristo. Tenho lembranças de muitas coisas que aconteciam
nos bastidores da peça, algumas boas e outras ruins... Não desejo divulgar todas
elas agora porque ainda pretendo escrever um pequeno livreto denominado “Os bastidores
do Águia”.
Mas uma das coisas que mais me irritava, e nunca
concordei, era a mania de alguns atores em “meter a cara na bebida” nos dias
das apresentações. Em minha opinião, isso não era apenas falta de respeito com
a peça e com os demais atores e figurantes, mas, principalmente, com o tema
encenado. Não tinha sentido uma pessoa representar um tema tão importante estando
embriagado. Esse foi um dos motivos de meu afastamento do grupo.
Quando fui eleito Presidente do Grupo Teatral Águia, alguns meses
depois fizeram uma eleição às escondidas, sem me convidarem, e elegeram outra
pessoa para o meu lugar. Isso me deixou muito indignado e, na época, o meu amigo
Antônio Miranda me sugeriu procurar a Justiça, pois, de acordo com o regimento
do grupo, só poderia haver eleições dois anos depois.
Eu disse a Antônio Miranda que não iria
procurar a Justiça, pois eu tinha certeza que aquele grupo que assumiu não levaria
a peça muito longe e, em pouco tempo, eles destruiriam o Grupo Teatral Águia, pois
eles não faziam teatro: tinham outras intenções de fachada. Pois é... Hoje, lamentamos
imensamente que a Semana Santa de Poço Branco não conte mais com a peça. Hoje, não
temos mais cultura em nosso município. O que temos é um grupo teatral falido e sem
perspectivas de se reerguer: como eu já tinha previsto...
JUNIOR AGULHA
Amigo Daniel,
Para falar do GTA (Grupo Teatral Águia) sempre terei algum tempo disponível em minha vida. Entrei no teatro no ano de 1999. Não porque tinha vontade ou dom de atuar, mas para salvar o grupo que iria se acabar naquele ano pelo simples fato de não haver uma pessoa que pudesse encenar o papel principal: Jesus Cristo.
Para falar do GTA (Grupo Teatral Águia) sempre terei algum tempo disponível em minha vida. Entrei no teatro no ano de 1999. Não porque tinha vontade ou dom de atuar, mas para salvar o grupo que iria se acabar naquele ano pelo simples fato de não haver uma pessoa que pudesse encenar o papel principal: Jesus Cristo.
Nunca tive essa pretensão até o dia em que
recebi um convite do saudoso Antônio Miranda. Num primeiro momento não aceitei,
fiquei assustado com essa ideia, mas criei forças e as palavras de
convencimento de Antônio me ajudaram a aceitar o desafio de representar
o maior de todos os homens: Jesus.
Meu primeiro ensaio foi realizado no quintal
na casa de Antônio Miranda, pois tínhamos apenas 15 dias para o dia da primeira
apresentação. Foi tudo meio corrido pra mim, mas eu parecia estar sendo ajudado
divinamente para aquela missão e, apesar das muitas dificuldades, a peça foi um
grande sucesso e recebi muitos parabéns pela minha primeira atuação no papel de Jesus.
Logo após aquela apresentação, Antônio Miranda
se despediu do grupo e entregou-o em nossas mãos pedindo para que não o deixássemos
desaparecer. Foi um pedido emocionado e que nos fortificou por outros anos, até
a nossa última apresentação em 2007. Como poucos sabem, fazer teatro não é uma
tarefa fácil. É preciso muita dedicação, entrega e, principalmente, é preciso buscar
parcerias e patrocínios e isso sempre foi difícil demais por aqui.
Lembro bem dos bastidores. Por essa época, estávamos
concentrados com mais de 100 participantes, todos preocupados em fazer bonito
porque o público sempre foi garantido. Centenas de pessoas de vários cantos do Estado
vinham nos prestigiar com suas presenças e isso levantou muito o nome de Poço Branco
naquela época. Infelizmente todos perderam sem uma das maiores riquezas da
nossa cultura, uma riqueza que foi conquistada a custa de muita luta de pessoas
como a Irmã Ondina, Antônio Miranda, Bernardo e tantos outros.
O
que posso dizer agora é que ainda acredito na volta da peça. Um dia ainda vamos
rever essa encenação tão esperada por todos. Mas, para isso, serão
necessárias algumas reformulações na concepção teatral. Não falo apenas em ter
um novo e maior espaço físico, mas também na questão humana. Não é impossível
porque já temos uma grande base que é a matéria prima do teatro: o talento do
nosso povo, dos jovens em especial.
Está
à frente do papel principal não dar mais pra mim, mas quero está junto dos que
se disponibilizarem a entrar nessa dura e árdua batalha que é reerguer o nosso
Grupo Teatral Águia. Assim espero ainda ver.